DPOC
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma doença pulmonar crónica caracterizada por sintomas respiratórios como tosse, falta de ar e aumento da produção de expetoração. Estes sintomas ocorrem devido a alterações morfológicas que ocorrem nos pulmões como estreitamento do calibre das vias áreas e destruição da parede alveolar.
A DPOC é uma das principais causas de morbilidade e mortalidade, sendo a 3.ª causa de morte em todo o mundo e a 5.ª em Portugal.
Em 2012, mais de 3 milhões de pessoas morreram de DPOC, representando 6% de todas as mortes no mundo. Muitos doentes vivem com esta doença por muitos anos e morrem prematuramente dela ou das suas comorbilidades. Globalmente estima-se que a prevalência global da DPOC ronde os 10.3% e prevê-se que este número aumente nas próximas décadas devido à exposição contínua a fatores de risco e ao envelhecimento crescente da população.
Em Portugal estima-se que 800.000 doentes sofram de DPOC atualmente.
A DPOC caracteriza-se por obstrução do fluxo de ar, persistente, que tem tendência a agravar-se com o tempo. Os principais fatores de risco que levam ao desenvolvimento de DPOC é o tabagismo e a inalação de partículas toxicas provenientes da poluição do ar. No entanto, existem outros fatores individuais que podem contribuir para o seu aparecimento como desenvolvimento pulmonar anormal e envelhecimento acelerado dos pulmões.
A DPOC é uma doença prevenível e tratável, mas o subdiagnóstico extenso e diagnósticos incorretos levam os doentes a não receber tratamento ou a receber tratamento inadequado. Um diagnóstico adequado e precoce da DPOC pode ter um impacto significativo na qualidade de vida dos doentes.
Quais são os sintomas mais comuns da DPOC?
Os doentes com DPOC sentem sintomas como falta de ar, tosse, sensação de aperto no peito, cansaço, limitação de atividade física, pieira e aumento de expetoração.
Um dos primeiros sintomas a surgir é a tosse acompanhada de expetoração, principalmente durante a manhã. No entanto, esse sintoma passa muitas vezes despercebido, sendo atribuído ao fumo do cigarro, e designado frequentemente de "catarro de fumador". Posteriormente, o doente com DPOC começa a sentir falta de ar, que inicialmente só surge quando desenvolve esforços físicos significativos. Com o passar do tempo, até mesmo as atividades normais do dia-a-dia, como tomar banho ou vestir-se, são feitas com dificuldade.
Os sintomas de DPOC surgem lentamente e vão piorando de forma gradual, principalmente se o doente continuar a fumar ou se não for implementado tratamento adequado.
Podem ocorrer eventos agudos caracterizados pelo aumento destes sintomas respiratórios, chamados de exacerbações. As exacerbações pioram muito o estado de saúde e prognóstico dos doentes, sendo crucial medidas e terapêuticas específicas para prevenir estes eventos.
Não existe, até ao momento, forma de reverter as alterações das vias aéreas, ou seja, não existe cura definitiva para a DPOC. O tratamento da DPOC depende dos sintomas e da gravidade da doença. Os doentes com sintomas regulares necessitam habitualmente de tratamento inalatório com broncodilatadores, que são fármacos que relaxam o musculo liso, ajudando a reduzir o estreitamento da via aérea.
Os doentes com obstrução grave das vias aéreas e com exacerbações frequentes devem ser tratados adicionalmente com corticosteróides inalados, que são fármacos com ação anti-inflamatória, que ajudam a reduzir a inflamação dos brônquios, diminuindo assim a frequência destas exacerbações
O exame mais importante de diagnóstico da DPOC é a espirometria. A espirometria é um método de estudo da função respiratória que permite avaliar o volume de ar expirado que pode ser mobilizado por um doente durante um curto período de tempo e através destes valores consegue-se despistar a patologia e avaliar a sua progressão.
Doentes fumadores apresentam risco aumentado de desenvolverem DPOC e de morrerem por sintomas respiratórios em comparação com doentes não fumadores. A melhor forma de prevenir esta patologia é:
• deixar de fumar;
• evitar ambientes poluído;
• utilizar mascara de proteção se ocorrer exposição a poeiras;
• ter um estilo de vida ativo;
Dada a sua importância, a DPOC não pode ser ignorada.
Todos os fumadores e ex-fumadores que já sentiram falta de ar e/ou tosse com expetoração devem consultar um médico. Só este poderá fazer uma avaliação cuidadosa e solicitar os exames adequados para diagnosticar a DPOC. O diagnóstico precoce da doença permite uma intervenção terapêutica adequada e mais eficaz, assim como a adoção de medidas preventivas efetivas.
- GBD 2019 Diseases and Injuries Collaborators. Lancet. 2020;396(10258):1204-1222.
- 15º Relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias 2022/2023. Disponível em: https://ondr2022.fundacaoportuguesadopulmao.org/ (Consultado em Dezembro 2023)
- Apoio ao doente-DPOC. Disponível em: https://www.fundacaoportuguesadopulmao.org/ (Consultado em Dezembro 2023)
- © 2023, 2024 Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease. Disponível em: https://goldcopd.org/2024-gold-report/ (Consultado em Dezembro 2023)
- “O que é a DPOC ?”. Disponível em: https://www.sppneumologia.pt/saude-publica/dpoc (Consultado em Dezembro 2023)
Asma
A asma é uma doença respiratória heterogénea, caracterizada por inflamação crónica e obstrução variável das vias aéreas. É definida por sintomas como falta de ar, pieira e tosse que podem variar em intensidade ao longo do tempo.
Em Portugal estima-se que existam cerca de 700.000 asmáticos.
Segundo dados da OMS, atualmente cerca de 300 milhões de doentes sofrem de asma em todo o mundo e espera-se que até 2025 este valor aumente para 400 milhões. Esta doença está associada a uma reduzida qualidade de vida de pessoas de todas as idades e de todas as partes do mundo. Estima-se que mais de 1000 pessoas morrem diariamente por asma.
Apesar das terapêuticas farmacológicas instituídas muitos doentes não aderem totalmente aos tratamentos, razão pela qual existem muitos doentes com asma não controlada globalmente.
Estima-se que apenas 57% dos asmáticos tenham a sua doença controlada, ou seja, cerca de 300.000 portugueses necessitam de melhor intervenção para o controlo da doença.
A Asma está associada a inflamação crónica e hiperreactividade brônquica a estímulos diretos e indiretos. Existem vários fatores ambientais que podem causar esta hiperreactividade, como por exemplo:
• Alergénios - ácaros domésticos, pêlo de animais, baratas, pólene;
• irritantes ocupacionais;
• fumo de tabaco;
• poluição ambiental;
• infecções respiratórias;
• exercício, emoções fortes;
• irritantes químicos e medicamentos (tais como aspirina e beta-bloqueadores).
Os sintomas característicos de asma (tosse, pieira, opressão torácica e falta de ar) tem tendência a agravar à noite ou de manhã, apresentam variabilidade na intensidade e no tempo e tendem a aumentar com infeções víricas concomitantes. Podem ocorrer eventos agudos caracterizados pelo aumento destes sintomas respiratórios num curto espaço temporal, chamados de agudizações.
Não existe, atualmente, forma de reverter as alterações das vias aéreas, ou seja, não existe cura para a Asma. O tratamento da Asma centra-se na redução dos sintomas, melhoria da função pulmonar e prevenção de agudizações. Para isso, em muitos doentes a terapêutica deve ser administrada diariamente.
O cumprimento de forma rigorosa do tratamento instituído é crucial para reduzir os sintomas, melhorar função pulmonar e prevenir agudizações. Só assim é possível diminuir a progressão da asma e melhorar a qualidade de vida do doente.
Sa-Sousa A, et al. Prevalence of asthma in Portugal – the Portuguese national asthma survey. Clin Transl Allergy. 2012;2(1):15;
15º Relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias 2022. https://ondr2022.fundacaoportuguesadopulmao.org/ Consultado em março 2023;
Sa-Sousa et al. Clinical and Translational Allergy 2012, 2:15; Programa nacional para as doenças respiratórias 2012 – 2016;
Global Asthma Report. Disponível em: http://globalasthmareport.org/ (consultado em dezembro 2023) 5. GINA 2023 Report. Disponível em: https://ginasthma.org/2023-gina-main-report/ (consultado em dezembro 2023).