Músculo-esquelética
Osteoartrose
O que é a Osteoartrose?
A osteoartrose, também designada por osteoartrite, ou artrose(s), é a doença relacionada com a lesão degenerativa da cartilagem articular.
A articulação é a zona de ligação entre dois ossos que permite a realização de movimentos. As superfícies dos dois ossos que se aproximam são revestidas pela cartilagem articular, cuja função é evitar o atrito de um osso contra o outro e amortecer o impacto produzido pelo movimento, facilitando o deslizamento das extremidades ósseas.
Qual a prevalência?
A osteoartrose é muito frequente, atingindo cerca de um quinto da população mundial.
É altamente prevalente, principalmente em adultos com idade superior a 65 anos. Atinge mais as mulheres do que os homens e a incidência aumenta com a idade. Antes dos 40 anos a incidência é baixa, mas no idoso é praticamente universal. É uma das principais causas de incapacidade laboral em todo o mundo.
Há vários fatores que podem favorecer o aparecimento da osteoatrose:
Idade;
Obesidade;
Postura incorreta;
Ocupação profissional;
Componente genético/hereditário;
Esta doença pode ser diagnosticada clinicamente, com recurso a meios radiológicos ou a combinação das duas abordagens.
O desgaste da cartilagem faz com que os ossos se friccionem entre si durante os movimentos, causando dor, edema (“inchaço”) e perda de movimento da articulação. Com o passar do tempo, a articulação perde a sua configuração normal e podem desenvolver-se osteófitos (pedaços de osso) que se projetam para o espaço articular, provocando mais inflamação e limitação funcional.
O tratamento desta doença compreende várias estratégias que podem ser mais conservadoras ou mais invasivas como a cirurgia, dependendo do estado da doença. Em todas elas, os objetivos são claros:
controlo dos sintomas;
melhorar o cuidado com as articulações por meio de repouso e exercício ajustados;
atingir o peso adequado;
adoção de um estilo de vida saudável.
Os anti-inflamatórios são os fármacos de eleição no tratamento da osteoartrose. A cirurgia pode estar indicada, nomeadamente nos doentes com osteoartrose do joelho e da anca que não responderam ao tratamento, e que apresentam quadros muito graves com limitação funcional significativa.
Scheuing, W. J., Reginato, A. M., Deeb, M., & Kasman, S. A. (2023). The burden of osteoarthritis: Is it a rising problem?. Best Practice & Research Clinical Rheumatology, 101836. Motta, F., Barone, E., Sica, A., & Selmi, C. (2023). Inflammaging and osteoarthritis. Clinical reviews in allergy & immunology, 64(2), 222-238.
Artrite Reumatóide
O que é a artrite reumatóide?
A artrite reumatoide é uma das mais prevalentes doenças do sistema auto-imune. É uma patologia inflamatória crónica prevalente em cerca de 1% da população mundial. Atualmente, afeta cerca de 50 a 60 mil portugueses. A doença é 2 a 3 vezes mais frequente nas mulheres do que nos homens, e tem um pico de incidência entre os 35 e 50 anos.
Quais os sinais e sintomas?
Primariamente caracteriza-se por dor e inchaço de forma simétrica e poliarticular (em várias articulações), envolvendo as pequenas articulações das mãos e dos pés. A inflamação e destruição progressiva das articulações afetam drasticamente a capacidade funcional do indivíduo com forte impacto na sua vida familiar e social.
Os fatores que estão associados a um risco aumentado de AR são:
Fatores genéticos e ambientais;
Indivíduos do sexo feminino;
História familiar de AR;
Fator genético do 'epítopo compartilhado';
Exposição ao tabaco;
Existem igualmente dados publicados sobre a importância da inflamação da mucosa e dos fatores microbianos no desenvolvimento da AR.
A artrite reumatóide é uma doença auto-imune, ou seja, o organismo produz anticorpos contra as suas próprias células e tecidos, o que conduz a uma auto-agressão. Na artrite reumatóide, os complexos resultantes da junção destes anticorpos com as proteínas indevidamente reconhecidas, depositam-se na membrana sinovial das articulações, desencadeando a inflamação.
A agressão continuada da membrana sinovial faz com que perca a elasticidade natural, tornando-se mais rígida e espessa, conduzindo a um processo inflamatório crónico designado por sinovite. Esta inflamação, além da dor, rubor e aumento da temperatura local, acaba por comprometer a própria mobilidade da articulação.
O padrão de envolvimento das articulações varia de indivíduo para indivíduo. As articulações inflamadas são, em geral, dolorosas e ficam com frequência rígidas, sobretudo de manhã ou depois de um período de inatividade prolongado. Em alguns doentes a artrite reumatóide pode provocar uma inflamação nos vasos sanguíneos (vasculite), nas membranas que envolvem os pulmões (pleurite) ou no invólucro do coração (pericardite).
Sendo a Artrite Reumática uma doença progressiva não benigna, é importante o diagnóstico precoce. O tratamento deve ser rapidamente iniciado para retardar a progressão da doença. A terapêutica a instituir vai variar de acordo com o grau de actividade e gravidade da doença.
A artrite reumatóide deve ser sempre avaliada por um médico especialista: o reumatologista. Porém, o acompanhamento da doença é multidisciplinar, envolvendo outros profissionais da área da saúde como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e cirurgiões ortopédicos.
O diagnóstico da Artrite Reumatóide baseia-se nos sintomas clínicos e em exames laboratoriais, tais como o Factor Reumatóide. Contudo, o Factor Reumatóide não é especifico para esta patologia, podendo estar presente em idosos saudáveis ou em doenças auto-imunes e infecciosas.
O tratamento desta doença é complexo, incluindo medidas não farmacológicas e farmacológicas.
As medidas não farmacológicas incluem:
o repouso, que melhora os sintomas, podendo ser um componente importante do programa terapêutico total;
o exercício planeado e a fisioterapia contribuem para a prevenção de deformidades e a manutenção da massa muscular.
Alívio da dor;
Redução da inflamação;
Proteção das estruturas articulares;
Manutenção da função;
Controlo do envolvimento sistémico.
A terapêutica a instituir vai variar de acordo com o grau de actividade e gravidade da doença.
A artrite reumatóide deve ser sempre avaliada por um médico especialista: o reumatologista. Porém, o acompanhamento da doença é multidisciplinar, envolvendo outros profissionais da área da saúde como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e cirurgiões ortopédicos
1. Deane KD, et al. Genetic and environmental risk factors for rheumatoid arthritis. Best Pract Res Clin Rheumatol. 2017 Feb; 31(1): 3–18. 2. Gravallese, E. M., & Firestein, G. S. (2023). Rheumatoid Arthritis—Common Origins, Divergent Mechanisms. New England Journal of Medicine, 388(6), 529-542.
Lombalgia
O que é a lombalgia?
A lombalgia é um problema de saúde extremamente comum, que a maior parte das pessoas experiência em alguma altura da sua vida, representando a principal causa de incapacidade e absentismo laboral em todo o mundo. Consequentemente é um dos maiores problemas de saúde pública. Trata-se de um sintoma bastante comum e incapacitante, estimando-se que afete, pelo menos uma vez, 65% a 80% da população.
A lombalgia tem um impacto enorme nos indivíduos, nas suas famílias, comunidades, a nível governamental e económico.
Quais são os sintomas?
Caracteriza-se por dor na região da coluna lombar, geralmente entre as últimas costelas e acima dos glúteos podendo acompanha-se de dor que irradia. A lombalgia é um sintoma e não uma doença, o que significa que pode traduzir a presença de diversos quadros clínicos.
Pode ser classificada em aguda (apresenta início súbito e duração inferior a 6 semanas), subaguda (duração entre 6 e 12 semanas) ou crónica (duração superior a 12 semanas) sendo que para cada subtipo há diferentes causas e tratamentos.
Para um bom diagnóstico da lombalgia, é importante perceber o histórico clínico e ser examinado por um médico. Poderão ser levados acabo alguns exames complementares como radiografia, tomografia computorizada (TAC) ou estudos laboratoriais.
O tratamento pode depender da causa da lombalgia, mas visa essencialmente o alívio da dor. Por norma, a pessoa tende a sentir um alívio da dor estando na posição deitada ou em repouso.
No caso de a dor na região lombar ser acompanhada de perda de peso, febre, infeções cutâneas ou urinárias, deverão ser realizados mais exames para um melhor diagnóstico.
Uso de calor ou frio;
Massagens;
Ultra-sons ou eletro-estimulação;
Exercícios de alongamento, levantamento de carga ou cardiovasculares por forma a recuperar a mobilidade e reforçar a musculatura.
Se ainda assim a dor persistir, deverá procurar aconselhamento médico por forma a iniciar terapêutica farmacológica que pode englobar analgésicos, anti-inflamatórios e/ou relaxantes musculares.
Nos casos de dor crónica poderão ser consideradas abordagens mais invasivas como a cirurgia.
São muitos os fatores ambientais e pessoais que influenciam o aparecimento e duração da lombalgia. Estudos indicam que a incidência é mais elevada em mulheres e a partir dos 30 anos aumentando com a idade até aos 60-65 e depois diminuiu gradualmente.
Os fatores de risco mais comuns são:
Stress;
Ansiedade;
Excesso de peso;
Depressão;
Insatisfação laboral;
Exposição a vibração corporal.
Em alguma altura da vida, é provável que desenvolva lombalgia, por isso a melhor estratégia será sempre a prevenção. Eis algumas dicas de como prevenir:
Praticar exercício físico regular (caminhada, natação);
Adotar uma postura correta;
Manter o peso saudável;
Evitar pesos excessivos (e ao levantar carga, fletir as pernas e manter a coluna reta);
Se passa muito tempo sentado, alongar com frequência;
Rastrear doenças como a osteoporose;
Evitar álcool e tabaco.
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